Tropicalismo
O tropilcalismo foi um movimento inusitado de música popular na
cultura brasileira na década de 60. fala-se que esse movimento
teve relações nacionais e internacionais. Um exemplo disso foi a
música de Caetano Veloso " É Proibido Proibir "Que é uma homenagem
ao movimento estudantil da frança. Foi feito nossa arte nacional o"movimento PAU BRASIL". Antes se falava de música popular e artística como opostos que
se tornaram a força do tropicalismo se fundindo. A intenção era
criar um som universal abolindo a idéia do bom e do mau gosto.
Neste Universo surgiu então músicas industrilizadas em contradição
a ritmos enraizados de uma colônia.Essa manisfetação foi uma
audácia brasileira várias repercussões surgiram; dramaturgos ,
escritores,compositores começaram a direcionar atenção ao
movimento;Originou discussões nas mídias e marcando-se na história,
driblando a censura e pondo a frente a livre expressão. Esse
movimento irreverente provocou grande impacto,sempre tendo como
símbolo marco de inspiração a banana... Foram a debates e pesquisas
tais protestos, participaram em platéia jornalistas e estudantes
universitários expondo opinões sobre o movimento que destinava uma
nova imagem do Brasil.
Aline Ribeiro.
cultura brasileira na década de 60. fala-se que esse movimento
teve relações nacionais e internacionais. Um exemplo disso foi a
música de Caetano Veloso " É Proibido Proibir "Que é uma homenagem
ao movimento estudantil da frança. Foi feito nossa arte nacional o"movimento PAU BRASIL". Antes se falava de música popular e artística como opostos que
se tornaram a força do tropicalismo se fundindo. A intenção era
criar um som universal abolindo a idéia do bom e do mau gosto.
Neste Universo surgiu então músicas industrilizadas em contradição
a ritmos enraizados de uma colônia.Essa manisfetação foi uma
audácia brasileira várias repercussões surgiram; dramaturgos ,
escritores,compositores começaram a direcionar atenção ao
movimento;Originou discussões nas mídias e marcando-se na história,
driblando a censura e pondo a frente a livre expressão. Esse
movimento irreverente provocou grande impacto,sempre tendo como
símbolo marco de inspiração a banana... Foram a debates e pesquisas
tais protestos, participaram em platéia jornalistas e estudantes
universitários expondo opinões sobre o movimento que destinava uma
nova imagem do Brasil.
Aline Ribeiro.
Lit. Contemporânea
LITERATURA BRASILEIRA POR SERGIUS GONZAGA.
LEITURA SUPLEMENTAR
CONTEXTO CULTURAL (1965-1970)
A trepidante década de 1960 - sobretudo a partir de 1965 - apresentou como símbolo uma palavra presente em textos, manifestos, panfletos e no dia-a-dia da juventude, que encabeçou o processo de mudanças. A palavra era revolução.
Antes de mais nada, uma revolução de costumes, liderada principalmente por jovens norte-americanos que se rebelavam contra o formalismo e a rigidez de uma sociedade ainda autoritária e repressora. Baseavam-se de maneira difusa nas teorias de um filósofo da contra-cultura, o alemão Herbert Marcuse e, ao mesmo tempo, em um sentimento de repulsa pelo mundo de seus pais. Em pouco anos, tabus morais desabaram, valores seculares foram questionados e novos padrões de existência se impuseram.
O conflito de gerações era inevitável: pais e filhos não se entendiam mais. O sonho de todo o rapaz, (e de toda a moça) era fugir de casa e viver livremente num mundo que parecia esperar esta ruptura juvenil, com ofertas de paz, amor, sexo e autonomia existencial.
Fato decisivo para esta revolução nos costumes foi a emancipação feminina. Condenadas até então, em sua maioria, a se tornarem "rainhas do lar", as mulheres começaram a ingressar no mercado de trabalho e experimentaram uma liberdade desconhecida que só um salário poderia lhes propiciar. A família patriarcal iniciava a sua derrocada.
À grande virada nos costumes acrescentou-se a revolução política. Os emblemas guerrilheiros - sintetizados na figura mítica de Che Guevara - seduziram os estudantes dos países do III Mundo, da mesma forma que o pacifismo atraiu os norte-americanos envolvidos na Guerra do Vietnã. Nas universidades e colégios não se fazia outra coisa senão política. O movimento estudantil representava a vanguarda nos protestos por todo o mundo. Os célebres acontecimentos de maio de 1968, que sacudiram a França, e constituem ainda hoje uma legenda, nasceram sob o influxo de um lema que simbolizava perfeitamente aqueles tempos: "É proibido proibir."
No caso do Brasil. o regime militar convertera-se no principal inimigo dos estudantes. A ditadura, de certa forma, significava a continuidade, no espaço público, do autoritarismo da casa paterna. Combatê-la era também combater a família conservadora e tradicional.
Igualmente formidável foi a revolução cultural. A "alta cultura" (artes plásticas, literatura, música erudita) - até então modelar - cedeu espaço a uma cultura contestadora e pouco requintada, dirigida às grandes massas juvenis, e cuja principal expressão era a "música pop". Esta logo foi incorporada à poderosa "indústria cultural". Centenas de milhões de discos foram vendidos no Ocidente, na segunda metade dos anos 60, e a música se tornou, ao lado do cinema e da televisão, um importante negócio.
No Brasil, a televisão se impôs como o meio cultural por excelência. Aparelhos receptores tornaram-se mais baratos e se disseminaram pelos lares das classes médias urbanas. A utilização do vídeo-tape, a partir de 1962, permitira a repetição de programas produzidos no eixo Rio - São Paulo por estações de todos os quadrantes. As emissoras regionais se multiplicam e começam a se associar com as do centro do país, iniciando o processo de formação das grandes redes.
As tevês Record, Tupi e Excelsior lutavam pelo domínio da audiência nacional. Séries importadas, programas humorísticos, musicais e de auditório estruturavam a base de sua programação. As telenovelas não entravam, em geral, no horário nobre e eram quase todas de autores cubanos e mexicanos. Em maio de 1966, a Excelsior colocou no ar a telenovela Redenção, com enredo folhetinesco, mas com uma típica cidadezinha brasileira do interior usada como cenário. Foi um êxito incrível: a telenovela durou dois anos, com capítulos diários. O novo gênero (chamado por alguns de folhetim eletrônico) mostrava que tinha tinha grande futuro.
Em 1969, já no horário nobre, a Tupi lançou Beto Rockfeller, do dramaturgo Bráulio Pedroso. Pela primeira vez a trama melodramática cedia lugar a uma história de enfoque realista, centrada em um simpático vigarista que enganava todo o mundo com sua esperteza. A telenovela passava a enunciar toda a potencialidade de revelação da realidade nacional. Na década seguinte, caberia a tevê Globo aproveitar os caminhos abertos por Beto Rockfeller para transformar a telenovela na mais importante forma de expressão da indústria cultural brasileira.
A associação entre a tevê e a música popular deu-se com o surgimento dos programas O fino da bossa, chefiado por Elis Regina, e Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos, ambos de 1965. O sucesso de audiência dos mesmos impulsionou espetacularmente o mercado de discos no Brasil, criou os novos astros da juventude e delimitou duas tendências opostas no campo da indústria cultural, a saber:
1) A M.P.B. (Música Popular Brasileira), herdeira da tradição - do samba à bossa nova, passando por outros ritmos típicos, como o frevo, o baião, a modinha, etc. Este nacionalismo musical - que via na música pop uma espécie de agente do imperialismo cultural inglês e norte-americano - seduziu o público universitário.
Tematicamente, os jovens compositores apoiavam-se na vertente lírica da nostalgia e do canto amoroso. Ao mesmo tempo, elaboravam canções de protesto contra o regime militar através de mensagens poéticas que insistiam na proximidade da "aurora", do "amanhã", do "carnaval", tomados todos estes elementos como metáforas de uma nova ordem que logo viria, destruindo a ditadura. Entre outros integraram a referida corrente Chico Buarque, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, Edu Lobo e, por curto tempo, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
2) A Jovem Guarda, também conhecida como iê-iê-iê - voltada para um público ainda mais jovem e menos sofisticado - e que traduziu singelamente, em termos nacionais, a explosão musical de The Beatles, The Rolling Stones, Jimmy Hendrix, Janes Joplin e outros monstros sagrados dos anos 60. Se para a turma da M.P.B. a guitarra elétrica, por exemplo, era um instrumento imperialista, para os cabeludos da Jovem Guarda era a possibilidade de reproduzir entre nós os sons que eles amavam. Além de Roberto Carlos faziam parte do grupo Erasmo Carlos, Wanderléia, The Golden Boys e outros que já foram esquecidos.
A tentativa de imitar a sonoridade pop, somou-se uma linha temática centrada nos novos costumes da juventude (principalmente os amorosos). Entre as várias canções feitas por Roberto e Erasmo Carlos em parceria, uma ficou como símbolo do realismo trivial, mas encantador, com que fixavam a mudança no comportamento relativo à paixão juvenil (Falta complementar com letra da dupla)
Neste período, também o teatro teve um momento fascinante através dos grupos Oficina, Arena e Opinião. Mesclando um conteúdo político (simbólico ou explícito) com encenações de alto brilho, quando não totalmente inovadoras, estes grupos teatrais mobilizavam multidões de jovens universitários. Nas peças de forte apelo ideológico os espectadores reforçavam os seus próprios ideais contestatórios. Não raro, no final de espetáculos como Arena conta Zumbi ou Os pequenos burgueses, do Oficina, o público cantava o Hino Nacional. Por isso, uma organização apoiada pelo regime, o CCC (Comando de caça aos comunistas), passou a submeter os atores destas "obras subversivas" a covardes espancamentos e sevícias torpes. A promulgação do AI-5 liquidou com o teatro de protesto e alguns dos maiores encenadores da época, como Augusto Boal e José Celso Martinez Corrêa, foram presos, torturados e expulsos do Brasil.
De todas as manifestações culturais do período, a mais polêmica foi a do Tropicalismo. Aparecendo na música popular em 1967-1968, o Tropicalismo representou uma espécie de síntese entre vários movimentos artísticos dos 60 e mesmo da vanguarda de 1922. Entre as influências próximas, Caetano Veloso - o líder da Tropicália - identificou as estranhas instalações (artes plásticas) de Hélio Oiticica; a explosiva montagem de O rei da vela (1966), de Oswald de Andrade, que José Celso Martinez Correia pôs em cena; o delírio barroco de Terra em transe, o filme político por excelência de Glauber Rocha; e a poesia concreta paulista.
O Tropicalismo significou uma rebelião contra os padrões musicais e ideológicos vigentes na chamada MPB. Em oposição as letras de protesto ou simplesmente sentimentais, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Torquato Neto, e outros, propuseram versos irônicos (se não debochados), onde mesclavam aspectos do Brasil primitivo com imagens do Brasil moderno, e faziam referências a ídolos e a elementos "kitsch" da cultura popular. Desta maneira, tentavam registrar a grande "geléia geral" da sociedade brasileira e, paralelamente, fugir da ingenuidade dos compositores de esquerda que acreditavam poder mudar o país através de suas canções.
No plano estritamente musical, os tropicalistas romperam com o nacionalismo a que todo o artista da MPB deveria se submeter, e abriram suas criações a "acordes dissonantes", na feliz expressão de Caetano Veloso, referindo-se à música pop internacional. Isso não significava copiar padrões estéticos e sim devorá-los num processo antropofágico, em que se misturava o nacional com o estrangeiro. Desta fusão - tão a gosto de Oswald de Andrade - nasceriam as novas formas artísticas capazes de expressar a turbulência do Brasil moderno.
Um exemplo é a canção Tropicália, de Caetano Veloso:
sobre a cabeça os aviões / sob meus pés os caminhões / aponta contra os chapadões / meu nariz / eu organizo o movimento / eu oriento o carnaval / eu inauguro o monumento no planalto central / do país / viva a bossa-sa-as / viva a palhoça-ça-ça-ça-ça / o monumento é de papel crepom e prata / os olhos verdes de mulata / a cabeleira esconde atrás da verde mata / o luar do sertão / o monumento não tem porta / a entrada é uma rua antiga estreita e torta / e no joelho uma criança sorridente feia e morta / estende a mão / viva a mata-ta-ta-ta-ta / no pátio interno há uma piscina / com água azul de amaralina / coqueiro brisa e fala nordestina / e faróis / na mão direita tem uma roseira / autenticando a eterna primavera / e nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira / entre girassóis / viva Maria-iá-iá / viva a Bahia-iá-iá-ia-íá / no pulso esquerdo do bangue-bangue / em suas veias corre muito pouco sangue / mas seu coração balança a um samba / de tamborim / emite acordes dissonantes / pelos cinco mil alto-falantes / senhoras e senhores ele põe os olhos grandes / sobre mim / viva Iracema-ma-ma / viva Ipanema-ma-ma-ma-ma / domingo é o fino da bossa / segunda-feira está na fossa / terça-feira à roça / porém / o monumento é bem moderno / não disse nada do modelo do meu terno / que tudo mais vá pro inferno / meu bem
postado: Aline Ribeiro
LITERATURA BRASILEIRA POR SERGIUS GONZAGA.
LEITURA SUPLEMENTAR
CONTEXTO CULTURAL (1965-1970)
A trepidante década de 1960 - sobretudo a partir de 1965 - apresentou como símbolo uma palavra presente em textos, manifestos, panfletos e no dia-a-dia da juventude, que encabeçou o processo de mudanças. A palavra era revolução.
Antes de mais nada, uma revolução de costumes, liderada principalmente por jovens norte-americanos que se rebelavam contra o formalismo e a rigidez de uma sociedade ainda autoritária e repressora. Baseavam-se de maneira difusa nas teorias de um filósofo da contra-cultura, o alemão Herbert Marcuse e, ao mesmo tempo, em um sentimento de repulsa pelo mundo de seus pais. Em pouco anos, tabus morais desabaram, valores seculares foram questionados e novos padrões de existência se impuseram.
O conflito de gerações era inevitável: pais e filhos não se entendiam mais. O sonho de todo o rapaz, (e de toda a moça) era fugir de casa e viver livremente num mundo que parecia esperar esta ruptura juvenil, com ofertas de paz, amor, sexo e autonomia existencial.
Fato decisivo para esta revolução nos costumes foi a emancipação feminina. Condenadas até então, em sua maioria, a se tornarem "rainhas do lar", as mulheres começaram a ingressar no mercado de trabalho e experimentaram uma liberdade desconhecida que só um salário poderia lhes propiciar. A família patriarcal iniciava a sua derrocada.
À grande virada nos costumes acrescentou-se a revolução política. Os emblemas guerrilheiros - sintetizados na figura mítica de Che Guevara - seduziram os estudantes dos países do III Mundo, da mesma forma que o pacifismo atraiu os norte-americanos envolvidos na Guerra do Vietnã. Nas universidades e colégios não se fazia outra coisa senão política. O movimento estudantil representava a vanguarda nos protestos por todo o mundo. Os célebres acontecimentos de maio de 1968, que sacudiram a França, e constituem ainda hoje uma legenda, nasceram sob o influxo de um lema que simbolizava perfeitamente aqueles tempos: "É proibido proibir."
No caso do Brasil. o regime militar convertera-se no principal inimigo dos estudantes. A ditadura, de certa forma, significava a continuidade, no espaço público, do autoritarismo da casa paterna. Combatê-la era também combater a família conservadora e tradicional.
Igualmente formidável foi a revolução cultural. A "alta cultura" (artes plásticas, literatura, música erudita) - até então modelar - cedeu espaço a uma cultura contestadora e pouco requintada, dirigida às grandes massas juvenis, e cuja principal expressão era a "música pop". Esta logo foi incorporada à poderosa "indústria cultural". Centenas de milhões de discos foram vendidos no Ocidente, na segunda metade dos anos 60, e a música se tornou, ao lado do cinema e da televisão, um importante negócio.
No Brasil, a televisão se impôs como o meio cultural por excelência. Aparelhos receptores tornaram-se mais baratos e se disseminaram pelos lares das classes médias urbanas. A utilização do vídeo-tape, a partir de 1962, permitira a repetição de programas produzidos no eixo Rio - São Paulo por estações de todos os quadrantes. As emissoras regionais se multiplicam e começam a se associar com as do centro do país, iniciando o processo de formação das grandes redes.
As tevês Record, Tupi e Excelsior lutavam pelo domínio da audiência nacional. Séries importadas, programas humorísticos, musicais e de auditório estruturavam a base de sua programação. As telenovelas não entravam, em geral, no horário nobre e eram quase todas de autores cubanos e mexicanos. Em maio de 1966, a Excelsior colocou no ar a telenovela Redenção, com enredo folhetinesco, mas com uma típica cidadezinha brasileira do interior usada como cenário. Foi um êxito incrível: a telenovela durou dois anos, com capítulos diários. O novo gênero (chamado por alguns de folhetim eletrônico) mostrava que tinha tinha grande futuro.
Em 1969, já no horário nobre, a Tupi lançou Beto Rockfeller, do dramaturgo Bráulio Pedroso. Pela primeira vez a trama melodramática cedia lugar a uma história de enfoque realista, centrada em um simpático vigarista que enganava todo o mundo com sua esperteza. A telenovela passava a enunciar toda a potencialidade de revelação da realidade nacional. Na década seguinte, caberia a tevê Globo aproveitar os caminhos abertos por Beto Rockfeller para transformar a telenovela na mais importante forma de expressão da indústria cultural brasileira.
A associação entre a tevê e a música popular deu-se com o surgimento dos programas O fino da bossa, chefiado por Elis Regina, e Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos, ambos de 1965. O sucesso de audiência dos mesmos impulsionou espetacularmente o mercado de discos no Brasil, criou os novos astros da juventude e delimitou duas tendências opostas no campo da indústria cultural, a saber:
1) A M.P.B. (Música Popular Brasileira), herdeira da tradição - do samba à bossa nova, passando por outros ritmos típicos, como o frevo, o baião, a modinha, etc. Este nacionalismo musical - que via na música pop uma espécie de agente do imperialismo cultural inglês e norte-americano - seduziu o público universitário.
Tematicamente, os jovens compositores apoiavam-se na vertente lírica da nostalgia e do canto amoroso. Ao mesmo tempo, elaboravam canções de protesto contra o regime militar através de mensagens poéticas que insistiam na proximidade da "aurora", do "amanhã", do "carnaval", tomados todos estes elementos como metáforas de uma nova ordem que logo viria, destruindo a ditadura. Entre outros integraram a referida corrente Chico Buarque, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, Edu Lobo e, por curto tempo, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
2) A Jovem Guarda, também conhecida como iê-iê-iê - voltada para um público ainda mais jovem e menos sofisticado - e que traduziu singelamente, em termos nacionais, a explosão musical de The Beatles, The Rolling Stones, Jimmy Hendrix, Janes Joplin e outros monstros sagrados dos anos 60. Se para a turma da M.P.B. a guitarra elétrica, por exemplo, era um instrumento imperialista, para os cabeludos da Jovem Guarda era a possibilidade de reproduzir entre nós os sons que eles amavam. Além de Roberto Carlos faziam parte do grupo Erasmo Carlos, Wanderléia, The Golden Boys e outros que já foram esquecidos.
A tentativa de imitar a sonoridade pop, somou-se uma linha temática centrada nos novos costumes da juventude (principalmente os amorosos). Entre as várias canções feitas por Roberto e Erasmo Carlos em parceria, uma ficou como símbolo do realismo trivial, mas encantador, com que fixavam a mudança no comportamento relativo à paixão juvenil (Falta complementar com letra da dupla)
Neste período, também o teatro teve um momento fascinante através dos grupos Oficina, Arena e Opinião. Mesclando um conteúdo político (simbólico ou explícito) com encenações de alto brilho, quando não totalmente inovadoras, estes grupos teatrais mobilizavam multidões de jovens universitários. Nas peças de forte apelo ideológico os espectadores reforçavam os seus próprios ideais contestatórios. Não raro, no final de espetáculos como Arena conta Zumbi ou Os pequenos burgueses, do Oficina, o público cantava o Hino Nacional. Por isso, uma organização apoiada pelo regime, o CCC (Comando de caça aos comunistas), passou a submeter os atores destas "obras subversivas" a covardes espancamentos e sevícias torpes. A promulgação do AI-5 liquidou com o teatro de protesto e alguns dos maiores encenadores da época, como Augusto Boal e José Celso Martinez Corrêa, foram presos, torturados e expulsos do Brasil.
De todas as manifestações culturais do período, a mais polêmica foi a do Tropicalismo. Aparecendo na música popular em 1967-1968, o Tropicalismo representou uma espécie de síntese entre vários movimentos artísticos dos 60 e mesmo da vanguarda de 1922. Entre as influências próximas, Caetano Veloso - o líder da Tropicália - identificou as estranhas instalações (artes plásticas) de Hélio Oiticica; a explosiva montagem de O rei da vela (1966), de Oswald de Andrade, que José Celso Martinez Correia pôs em cena; o delírio barroco de Terra em transe, o filme político por excelência de Glauber Rocha; e a poesia concreta paulista.
O Tropicalismo significou uma rebelião contra os padrões musicais e ideológicos vigentes na chamada MPB. Em oposição as letras de protesto ou simplesmente sentimentais, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Torquato Neto, e outros, propuseram versos irônicos (se não debochados), onde mesclavam aspectos do Brasil primitivo com imagens do Brasil moderno, e faziam referências a ídolos e a elementos "kitsch" da cultura popular. Desta maneira, tentavam registrar a grande "geléia geral" da sociedade brasileira e, paralelamente, fugir da ingenuidade dos compositores de esquerda que acreditavam poder mudar o país através de suas canções.
No plano estritamente musical, os tropicalistas romperam com o nacionalismo a que todo o artista da MPB deveria se submeter, e abriram suas criações a "acordes dissonantes", na feliz expressão de Caetano Veloso, referindo-se à música pop internacional. Isso não significava copiar padrões estéticos e sim devorá-los num processo antropofágico, em que se misturava o nacional com o estrangeiro. Desta fusão - tão a gosto de Oswald de Andrade - nasceriam as novas formas artísticas capazes de expressar a turbulência do Brasil moderno.
Um exemplo é a canção Tropicália, de Caetano Veloso:
sobre a cabeça os aviões / sob meus pés os caminhões / aponta contra os chapadões / meu nariz / eu organizo o movimento / eu oriento o carnaval / eu inauguro o monumento no planalto central / do país / viva a bossa-sa-as / viva a palhoça-ça-ça-ça-ça / o monumento é de papel crepom e prata / os olhos verdes de mulata / a cabeleira esconde atrás da verde mata / o luar do sertão / o monumento não tem porta / a entrada é uma rua antiga estreita e torta / e no joelho uma criança sorridente feia e morta / estende a mão / viva a mata-ta-ta-ta-ta / no pátio interno há uma piscina / com água azul de amaralina / coqueiro brisa e fala nordestina / e faróis / na mão direita tem uma roseira / autenticando a eterna primavera / e nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira / entre girassóis / viva Maria-iá-iá / viva a Bahia-iá-iá-ia-íá / no pulso esquerdo do bangue-bangue / em suas veias corre muito pouco sangue / mas seu coração balança a um samba / de tamborim / emite acordes dissonantes / pelos cinco mil alto-falantes / senhoras e senhores ele põe os olhos grandes / sobre mim / viva Iracema-ma-ma / viva Ipanema-ma-ma-ma-ma / domingo é o fino da bossa / segunda-feira está na fossa / terça-feira à roça / porém / o monumento é bem moderno / não disse nada do modelo do meu terno / que tudo mais vá pro inferno / meu bem
postado: Aline Ribeiro
Um comentário:
Gostei do blog, pois a maioria não traz assutos tão interessantes, que porta conhecimento aos ue leem.
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